Recém-formado e agora? Reflexões, expectativas e inseguranças.
Olá, colegas! Tudo bem? Espero que sim.
Escrevo este desabafo pouco antes de dormir, refletindo sobre algo que gostaria de conversar com colegas de profissão. Acredito que esse diálogo não só me faria bem, mas também poderia ajudar aqueles que no futuro se encontrarem na mesma situação.
Recentemente, me formei na área e com isso veio um turbilhão de sentimentos e pensamentos. Pouco se fala sobre a transição da formação para o mercado de trabalho. Raramente vi um professor abordando esse tema ou oferecendo algum tipo de acolhimento em sala de aula. Nos meus últimos dias de curso, dava para perceber um clima de tensão no ar, alguns colegas pareciam mais tranquilos que outros, mas, no geral, todos pareciam meio ansiosos para saber como iriam se sair na área. (O TCC parecia o menor dos problemas haha)
Algo que me deixou bastante chateado no último ano foi a sensação de que a meritocracia não existe. Vi colegas que mal participavam das aulas e pouco se preocupavam com o desempenho acadêmico, conseguirem estágios importantes, que rapidamente os levaram a um emprego pouco depois de receberem o CRP ou então pessoas abertamente problemáticas, com opiniões que flertam com a homofobia e o racismo, abrindo clínicas simplesmente porque têm os recursos para isso, colegas que durante o estágio clínico obrigatório tratavam os pacientes como uma mera fofoca de corredor e dai pra pior... Confesso que isso me desanimou mais do que eu gostaria, não sei se era inveja, frustração ou apenas uma sensação de injustiça, mas era um sentimento difícil de compartilhar com alguém na época.
Como resposta, decidi focar no meu próprio caminho e me esforçar ao máximo, pois não tive e não tenho recursos financeiros. Felizmente, meu empenho chamou a atenção de alguns professores, e graças a isso, consegui meu primeiro paciente particular ainda no 9º período, com um estágio em Aplicação ABA.
Continuo atendendo esse paciente até hoje, mesmo após a formatura, o que me deixa muito feliz, não só pelo retorno financeiro que é muito bom, mas também pelo reconhecimento do meu trabalho, mas ao mesmo tempo, sinto uma pressão constante para não ficar parado, porque a qualquer momento a mãe pode encerrar o atendimento, então eu ficaria sem nada.
Durante esse período, recebi uma proposta CLT de uma clínica e, até hoje, não sei se recusar foi a decisão certa. Mas, a proposta era trabalhar 44 horas semanais, quase 9 horas diárias de terapia ABA (E teria que largar meu pacientinho atual), por pouco mais do que eu ganhava trabalhando com 1 paciente apenas 6h na SEMANA. Mas eu pensei: E se for a realidade da profissão?
Desde então, ando me sentindo inseguro. Evito abrir o Instagram, porque acabo me comparando com colegas que já têm clínicas, salas, empregos consolidados e até networking com psicólogos renomados do meu estado.
Sempre soube que não seria fácil, mas esse é apenas o começo da jornada. O medo e a incerteza fazem parte desse processo e acredito que nesses momentos devemos nos apoiar e validar nossos sentimentos.
Sintam-se à vontade para compartilhar suas experiências e conselhos nos comentários seria ótimo!